quinta-feira, 22 de abril de 2010

Os académicos do meu tempo
(a propósito do aniversário da Academia Politécnica)

[Alberto de Aguiar, Porto Académico, n.º único de 1937, págs. 31-32]


Solicitaram a minha participação neste número único do Porto Académico, no louvável intuito de colher elementos evocadores de vibratilidade académica da minha geração quase a meio termo do centenário que este número único comemora.

Devia furtar-me a tal colaboração, tão fracas e imprecisas as minhas reminiscências desse período, tão pouco me envolvi, por feitio, educação e meio em que decorreu a minha mocidade, nas manifestações académicas do meu tempo, embora batidas e agitadas por movimentos grandiosos e de repercussão formidável e profundamente modificadora da vida social e política da minha Pátria – como o do Ultimatum e a revolução do 31 de Janeiro, sua inevitável consequência.

Estes movimentos nortearam e definiram sem dúvida os meus ideais e convicções políticas, como a dos meus contemporâneos: a Academia do meu tempo era convicta e entusiasticamente republicana, sob o impulso duma fé ardente nos destinos gloriosos da Pátria, mas a sua intervenção, mais teórica do que prática, mais de reacção do que de acção, era essencialmente doutrinária e evolutiva.

E a minha então, absolutamente apagada, embora tão enraizada, ou mais, do que a dos mais sinceros crentes (e por isso talvez me alcunhassem de velhinha), não justificaria uma reminiscência a que eu não posso dar o calor e o relevo de participante activo.

Mas a vida académica não foi só isso e eu acedo à solicitação que me fizeram e porque ma fizeram, considerando um dever lavrar o meu depoimento, por mínimo e insignificante que seja, confiado em que outros, muito melhor e com mais entusiasmo, farão reviver uma época que gloriosa e agitada para tantos é para mim profundamente saudosa, pelas recordações de camaradagem e de convívio académico que elas evocam.

Estava eu no meu 2.º ano médico quando se desencadeou, em 1889[1], o chamado movimento do Ultimatum que nascido gloriosamente na Academia do Porto rápido alastrou pelas demais Academias, numa onda de brio, de exaltação e de redenção.

Iniciada pelos académicos maiorais dos últimos anos dos cursos e dirigido por um quintanista de medicina, o Dr. Reis Santos[2], vincou-se no meu, como no espírito da minha geração, a admiração profunda por quem tão enérgica, disciplinada e inteligentemente dirigiu e orientou esse movimento até o entregar à alta personalidade de Antero de Quental.

Lembro-me nitidamente da elevada consideração, respeito e acatamento com que Reis Santos era acolhido na Academia que, mercê dele, se elevou no conceito da nação como força disciplinadora, nobre, progressiva e persistente, como até então não fora nenhuma outra manifestação académica.


Foi um dos períodos áureos da Academia, cheio de elevação, nobreza e sequência: não teve, como muitos outros movimentos académicos, a fugacidade duma explosão que tanto menos dura quanto mais intensa nasce e mais rápido deflagra, mas a persistência duma reacção que continuamente exotérmica, só se extingue quando terminada a causa que a provocou: iniciada em 1889 propaga-se até 31 de Janeiro de 1891, para se extinguir no movimento redentor de 5 de Outubro de 1910.

Recordo com admiração num misto de saudade e fé patriótica a acção de Reis Santos sempre na brecha, activo, firme e progressivo e associo-lhe os nomes de tantos outros, como o de Artur Vaz Pereira, o académico fogoso que com o verbo ardente, inflamado e fluente mantinha o fogo sagrado das reuniões académicas verberando a inércia e a covardia daqueles que, conforme ele dizia, não tinham nervos mas tripas de viola, nem sangue, mas capilé dessorado, de Scipião José de Carvalho que continuamente alegre e de bem e humorada eloquência, aproveitava todas as oportunidades para animar o movimento, aligeirando-lhe ou solucionando-lhe as responsabilidades mais graves, de Ricardo Nogueira Souto, um vencido da vida, que na placidez e ponderação do seu temperamento foi um esplêndido auxiliar e secretário de Reis Santos.

E a par destes ocorrem-me, neste perpassar de reminiscência evocadora, os nomes de Fernando de Almeida, José Guedes Júnior, José Vicente de Araújo, e de Castro Soares, o condiscípulo querido que pondunoroso, correcto, digno e aprumado repudiou formalizado em reprimenda elevada e castiça – ou ele não fora alcunhado de recta-pronúncia – a brincadeira duns camaradas estúrdios que pretendiam envolvê-lo, ao engano, em atitudes enérgicas que, diziam, o movimento exigia: caído em si, prega-lhes um tremendo sermão, que com coisas sérias não se brinca.[3]

Mas agora reparo que sem querer, nem ser minha intenção, pelas razões que expus ia resvalando no perigoso pendor de invadir domínios que não me pertencem nem percorri, quando tantos outros, ainda em plena actividade o podem pormenorizar com minúcias inéditas que bem o merece esse grandioso e simpático movimento académico, expressão espontânea da nossa dignidade ofendida.

Que outros o façam com o devido conhecimento de causas senão tanto para salientar a grandeza dum movimento cuja finalidade patriótica está bem evidenciada, pelo menos para tirar do esquecimento muitos dos valores académicos que mais o abrilhantaram, imprimindo-lhe fecundas energias de sucesso.


Passo sobre os acontecimentos de 31 de Janeiro em que a Academia não interveio directamente, muito embora neles participassem, individualmente, alguns estudantes, meus condiscípulos e contemporâneos, nomeadamente aspirantes de marinha, para me referir, entre muitas outras brincadeiras de estudantes, a duas formidáveis charges, reveladoras da exuberância, da vida, espírito crítico, justiça, sentimento e correcção, características da mocidade académica de todos os tempos, mas em que a minha geração me pareceu mais fértil, talvez porque melhor pude apreciar as suas manifestações.

A primeira refere-se a uma graciosa paródia de doutoramento, realizada no final do ano escolar de 1890-1891: teve como protagonista um antigo empregado da Imprensa Portuguesa, o falecido António Augusto de Sousa Vieira, homem de toda a confiança do saudoso Anselmo de Morais seu director e a quem ele confiara a ingrata e delicada missão de acompanhar às aulas as suas filhas Aurélia e Laurinda Morais Sarmento que foram, com D. Maria Tavares Pais Moreira (do mesmo tempo, mas que defendeu tese um ano depois), as primeiras senhoras que no Porto conquistaram o seu diploma de Medicina e Cirurgia, passando pela antiga Escola Médico-Cirúrgica, onde igualmente me formei um ano após elas.

Esta vigilância, produto da época e da novidade (hoje ridícula pela banalidade), aliada à natural comoção que as simpáticas académicas despertaram no meio dos seus condiscípulos, foi desempenhada com todo o escrúpulo pelo guardião, que os rapazes respeitaram embora o alvejassem com naturais piadas e alcunhas inofensivas.

O bondoso Vieira cumpriu a preceito as suas funções: acompanhava às aulas as filhas do seu amigo e director, assistia às respectivas lições, silencioso, resigando e cônscio do seu papel e retirava-se com elas indiferente às inofensivas chalaças, piadas ou alcunhas com que os mais irrequietos condimentavam, de longe, sempre a meia voz e correctos, a evangélica paciência de tão fiel servidor.

Assim se passaram os 5 anos do curso médico, e no final, a ideia de diplomar em sessão magna quem com tanta assiduidade, zelo e “nula competência” assistira a todas as lições sem faltas, salvo as das suas pupilas, surgiu espontaneamente, rápido tomou vulto, alastrou e concretizou-se, dias volvidos, na grandiosa manifestação de homenagem a que o atingido assistiu com enorme aprazimento e contentamento, só percebendo no final que era o protagonista visado naquela memorável Assembleia.

O acto passou-se no Teatro Anatómico, para tal profusamente ornamentado e engalanado pelos rapazes, tomando o inocente homenageado o seu lugar de honra nas doutorais, com a assistência dos novos doutores, representantes das várias Universidades e Academias do país e do estrangeiro, das autoridade e figuras representativas que, em grande número, intensa alegria e satisfação, colaboraram na sessão a que davam o brilho da sua presença, entre as desafinações duma charanga académica, adrede preparada para a cerimónia.

Famosos os vários discursos pronunciados, entre os quais um em latim macarrónico, no género do palito métrico, pronunciado, suponho eu, por Scipião de Carvalho, o endiabrado boémio cujas graciosas partidas académicas mereciam relato especial e que com o meu condiscípulo José Guedes, ainda hoje apaixonado cultor das sentenças latinas com que abrilhanta a sua conversa animada, discípulos do Pe. António Pereira no afamado Colégio dos Roseirais que este dirigiu em Lamego.

Os esfusiantes comentários da assembleia, entusiástica, ruidosa e alegre, os aplausos, as gargalhadas espontâneas e sonoras da assistência, as notas estrídulas e vibrantes da charanga sublinhando as várias peripécias da cerimónia, as manifestações álacres da mocidade atingem o rubro quando é feita a entrega do diploma honorífico, com todas as suas fitas, selos e predicados ao novo e original doutor que só então atinge o objectivo de tão movimentada e aparatosa sessão.

Inolvidável o abraço final dos padrinhos: ela dama distinta, paramentada a rigor, na pitoresca viela dos Gatos, fronteiriça à Escola; ele, engalanado com todas as suas condecorações, pomposo e aprumado, ostentando brilhante, alva e luzidia a pera a parodiar a do seu afilhado.

No auge da comoção, ao cingir o paraninfo no simbólico abraço de Minerva, a madrinha trinca, mastiga e engole com delírio metade da pera do padrinho, que por sinal era de doce, bem disfarçados por entre as suíças os fios que a mantinham no seu lugar próprio.

Tudo isto não é mais que uma pálida e desbotada reminiscência do muito que presenciei e do que se passou nessa grandiosa e memorável sessão e do pouco e confuso que a minha memória retém, a cerca de meio século de distância, dum acto em que à originalidade do conceito se aliava uma opulência de pormenores e de facécias, no propósito sadio, alegre e inofensivo de focar um acontecimento único na história jocosa da Academia Portuense.

Tão correcta foi e tão graciosa que o novo e original doutorado, a princípio indiferente, embora interessado, se considerou lisonjeado e nada agastado com a elevada honra académica prestada à sua forçada assiduidade escolar.

Sirvam estas despretenciosas evocações de traço espiritual de união entre todos aqueles, e bastantes ainda são, que viveram esse inesquecido e alegre momento da sua vida académica e dela conservam perduráveis e gratíssimas recordações.


A outra do mesmo género, pomposa, mas bem mais cáustica homenagem, me foi dado assistir em 1902 na qualidade de incógnito, como substituto de medicina que era então.

Foi a formidável “charge” ao apregoado específico contra a tuberculose – “Badiana fosfatada de Sued” (Deus) – que os académicos crismaram ironicamente de Badiana sulfatada de uva preta, poderoso microbicida do médico Quinterra, conselheiro da Majestade, facultativo desonorário do Hospital de Santo António, etc., etc. e de que os promotores distribuiam pela assistência pequenos frascos com as indicações: Para uso interno às camadas. Preço segundo as praxes.

Esta contundente rubrica motivou o aparecimento dum poemeto A Banana da Suécia da autoria do meu condiscípulo saudoso, Dr. Manuel Augusto de Queiroz e Castro, poeta repentista, satírico e irónico, cujo espírito e talento, em plena ascensão, a morte abateu sob a forma duma infecção profissional aguda, roubando o infeliz moço ao carinho dos seus e à camaradagem dos condiscípulos e amigos que o estimavam.

Que a sua memória e a do “Dr. Lúcio Quinterra” por cuja boca fala, me perdoem a transcrição de alguns dos versos desse poemeto, alusivos ao custo da mercadoria, ao seu vistoso e sugestivo rótulo
Eu sou o hemorroidário D. Fiasco
Autor daquela sórdida mixórdia
Da qual, por obra de misericórdia
Estou vendendo a três mil reis o frasco!

Mas se for encomenda de espavento
Três, quatro frascos, cinco ou melhor seis
Então já a coisa, com abatimento
Pode ficar aí por dois mil reis!...

Agora quem quiser maior’s porções
Oito, dez frascos, doze ou cois assim,
Cada litro da choldra, quanto a mim,
Pode custar, o muito, dez tostões!!!

E se enfim apechinche for tão boa
Que me despeje um lote da fazenda,
Ficará cada pote da encomenda,
O muito, a arrebentar, por uma coroa!!!

...

Mas eu não durmo!! Para dar um corte
Da intrujice voraz no imundo tasco,
A cores fiz gravar em cada frasco
A imagem da Badiana em frente à Morte!

A Badiana, olímpica serena
Parece estar dizendo à morte crua,
– Nem mais um passo!!... Para trás, hiena!
Que vens cá tu fazer?!... olho da rua!!!

E a morte embaçada e confundida,
Assim a modos de quem está a perder,
Torcendo a negra boca, enraivecida
Parece resmungar... Vai-te coser!

...

Estão vivos, de saúde e em plena pujança de actividade muitos dos colaboradores dessa chistosa e cauterizante manifestação académica que o poemeto do meu querido condiscípulo sintetiza nos seguintes versos:
Em todo o caso, a lusa mocidade,
Por amor da justiça e não da esmola,
Mostrou ainda há pouco numa Escola
Tudo quanto me deve a Humanidade!

Ò que festa de truz! Que apoteose!
Como jamais a houve nas Espanhas!
Sua lembrança ainda me recose
E me baralha as húmidas entranhas!

Das mais longínquas terras atraídos,
Vieram, pelo cheiro do meu nome,
A par de vivos sábios conhecidos,
Outros muitos que a terra já consome!

Gente da Maia, do Hindustão, da Grécia,
Da Albânia, do Saará, de Mesão Frio
Desembarcaram no Porto, toda sécia,
Para honrar o sobrinho de meu brio!!?

...

A eles melhor do que a outrem convém fazer reviver algumas das peripécias mais famosas, em que o alvejado, considerado à rebelia, foi representado por um jumento coroado de louros.

Na Faculdade de Medicina em cujo teatro anatómico se desenrolou a hilariante apoteose, existem, no seu Museu Histórico, peças evocadoras da graciosa “charge”, nomeadamente os trágicos painéis com as descrições dos horríveis bichinhos da tuberculose e esse associado, a Badiana.

Limito-me pois aos excertos feitos e à reprodução do grupo cénico[4] em que o leitor facilmente identificará os componentes, como clínicos consagrados, sublinhando com um sentimento de saudade os desaparecidos, talvez sob o olhar fatídico da morte, convidada em recordação das vítimas imoladas à Badiana.


Por estes dois escorços bem se poderá aquilatar das manifestações académicas – cortejos, festas da pasta, encerramento de aulas, paródias, etc., – em que se expandia o espírito irrequieto, audaz e alegre da mocidade académica do meu tempo.

Se lhe juntarmos algumas zaragatas célebres como a do franquismo, récitas teatrais entre as quais “Os Filhos de Minerva” e “O Auto das três barcas” do nosso saudoso e sempre relembrado colega Dr. Campos Monteiro, manifestações várias de arte, como música, poesia, caricaturas, etc. teremos uma ideia do grau de actividade, cultura e sentimento dos académicos da minha geração e de quanto contribuiram para manter, perpetuar e honrar as tradições de galhardia da mocidade estudiosa superior de todos os tempos.

Destas várias exteriorizações do potencial académico em que todos os cursos da minha geração comparticiparam já como figurantes, já como manifestantes, espectadores animados ou ouvintes chalaceadores, nasceu essa estreita e viva camaradagem que a todos nos une e que afirmada em reuniões periódicas mais ou menos espaçadas mas sempre animadas, esfusiantes de graça e evocadoras de pequeninos nadas da vida académica relembrados e exaltados à categoria de acontecimentos notáveis, constitui uma das mais gratas recordações da nossa mocidade e um momento ansiosamente esperado para aliviar as agruras da nossa profissão.

O meu curso (1892) tem sido fiel a esta tradição e desde a primeira convocação (autoria de Queiroz e Castro):
Foi num magno concílio resolvido
Pelos melros portuenses cá do curso
Que opíparo jantar seja roído
Cá pela tropa em máximo concurso

...

procura manter esperto e vivo o fogo sagrado destas encantadoras reuniões, embelezando-as e aureolando-as com os possíveis actos de benemerência a favor das famílias desprotegidas de condiscípulos falecidos.

Infelizmente a matéria prima destas reuniões vai rareando e prejudicando com mágoa a sua encantadora finalidade e ao terminar este singelo relato das minhas reminiscências académicas, não devo deixar de me referir ao último desaparecido após a reunião em 25 de Maio transacto.

Foi o Dr. Aguiar Cardoso que deve ser rememorado entre os mais brilhantes académicos da minha geração e do meu curso, e que só por si o honra e enche de prestígio e solidariedade, pois que académico cheio de originalidade e de bom senso – razão porque o cognominava de filósofo – foi um distinto e laureado cultor e compositor musical, um clínico eminente, polemista invulnerável, arqueólogo activo, apaixonado e sabedor na valorização da sua terra, terras de Santa Maria e seu famoso Castelo, um amigo e paladino dos pobres por cuja assistência se bateu com denodo, e acima de tudo, para nós, um camarada amigo, apreciador entusiasta das nossas reuniões e do nosso convívio.

Focando-o rapidamente, neste momento, sintetizo os valores da minha geração em um dos seus lídimos e superiores representantes, o último falecido[5] e saudosamente rememorado – o Dr. António Augusto de Aguiar Cardoso.

Porto, 22 de Março de 1937

ALBERTO DE AGUIAR





[1] De facto a crise do Ultimatum só começou em Janeiro de 1890. Deve haver confusão com o ano lectivo 1889/90.

[2] Refira-se que Reis Santos foi também regente da Tuna (Porto Académico, n.º único de 1937, pág. 33).

[3] [Nota original:] Na revisão deste artigo em 31 de Março fui dolorosamente surpreendido pela notícia brutal do falecimento de Castro Soares o condiscípulo querido que deu brado na Academia pela energia, nobreza e ímaculabilidade do seu carácter e que armado na vida pública com tais virtudes conseguiu a reforçada indepêndencia concelhia de Espinho, a admiração respeito e alta consideração dos seus conterrâneos e a estima e a gratidão dos seus doentes pela muita bondade, dedicação e saber do seu culto profissional.

[4] A versão original deste texto vem acompanhada de uma fotografia, que aparece também acima neste blogue, na primeira imagem da entrada O "Dr. Quinterra".

[5] [Nota original:] Já não é, pois posteriormente, como aludi em nota anterior, Castro Soares, outro grande e belo espírito, transpôs as fronteiras da Eternidade, talvez a reconciliar-se com Aguiar Cardoso neutralizando a repulsa resultante do choque de dois sonhos animado do mesmo mais alto potencial de simpático jornalismo.

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